As vitaminas, os minerais e outras substâncias encontradas na alimentação são compostos essenciais para a nossa vida. Além de realizarem uma infinidade de funções para a manutenção do metabolismo, elas também participam da produção de outros elementos importantes para o organismo, como os hormônios.
Por estes motivos, manter a ingestão adequada destes nutrientes é extremamente importante para que não haja nenhum prejuízo à saúde. Entretanto, em casos de deficiência – causada principalmente por alimentação desequilibrada ou má absorção dos nutrientes – os suplementos alimentares entram como alternativa para preencher as lacunas da dieta. Na lista de suplementos, um deles está criando polêmica quanto ao seu uso: a solução de lugol.
Defendido por muitos e também criticado por diversos outros especialistas, o lugol – ou solução de iodo – é um suplemento indicado para tratar a carência de iodo no organismo. Mas, a discussão sobre os seus malefícios começaram quando boatos nas mídias sociais sobre a sua ação na prevenção e tratamento do câncer, fibrose cística e outras doenças, o tornou popular, fazendo com que muitas pessoas começassem a suplementar sem a devida orientação médica.
Se você também ouviu falar sobre essa substância e quer saber mais sobre ela, acompanhe este post para descobrir o que é a solução de lugol, seus benefícios, efeitos adversos e riscos da suplementação.
A importância do iodo para o corpo humano
O iodo é um mineral com grande importância para o organismo humano. A sua principal atuação é na tireóide – glândula responsável pela síntese de alguns hormônios -, assim, a sua falta pode desencadear um aumento da glândula da tireóide (bócio) e um baixo nível da produção de hormônios tireoidianos, condição conhecida como hipotireoidismo.
Essa substância também contribui com o bom funcionamento do metabolismo e melhora o sistema digestivo. O iodo ainda possui ação antibacteriana, antifúngica, antiviral, alcalinizante e é fundamental para a manutenção do sistema nervoso e cardiovascular.
Fontes alimentares de iodo
Atualmente, a maneira mais fácil de conseguir um consumo adequado do iodo é por meio do sal iodado – o famoso sal de cozinha. O elemento químico foi adicionado ao sal como medida de saúde pública, para evitar a sua deficiência na população e consequentemente o desenvolvimento de doenças relacionados a sua carência.
Em outros alimentos também é possível obter o iodo, como nos peixes, algas e outros frutos do mar, alguns vegetais (cebola, rabanete, alho poró, agrião), gema de ovo e laticínios.
O que é a solução de lugol?
Apesar do iodo estar presente no sal de cozinha, nem sempre apenas ele é suficiente para atender às necessidades nutricionais desse composto diariamente, segundo especialistas. O motivo é a concentração do iodo metalóide (10 miligramas por quilo de sal) e também pelo sal possuir apenas uma forma de iodo (o iodo metalóide).
A solução de lugol, por outro lado, possui as duas isoformas de iodo (iodo metalóide e iodeto de potássio), o que o tornaria uma alternativa viável para complementar a dieta.
Em suma, o lugol é uma solução líquida de iodo formada pela mistura de iodo metalóide e iodeto de potássio. A sua suplementação é indicada em casos de deficiência de iodo e também para a normalização da produção dos hormônios da tireoide.
Benefícios da suplementação com o lugol
A suplementação para corrigir desequilíbrios nutricionais não é a única utilidade do lugol. A solução de iodo ajuda a controlar a produção do estrogênio, além de melhorar a saúde dos ovários, mamas e do útero. Segundo especialistas, quantidades adequadas do iodo também beneficiaria a saúde da próstata.
Níveis adequados de iodo no organismo também contribui com a prevenção do hipotireoidismo e do hipertireoidismo – dois distúrbios da tireóide comuns na população – e na melhora da resposta do sistema imunológico.
Quais os riscos da suplementação com o lugol?
O maior problema da suplementação com o lugol é o seu uso indiscriminado que está acontecendo pelo mundo. Segundo a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), a solução concentrada de lugol possui mais de 6 miligramas de iodo por gota, muito mais do que a quantidade necessária para o organismo de um adulto saudável – que é de 100 a 250 microgramas. Nas mídias sociais, a dose que está sendo indicada chega até a nove gotas por dia – um perigo iminente para a tireóide.
Nesse cenário, o excesso de iodo leva ao aparecimento de muitos efeitos colaterais, entre eles:
- Náuseas, vômitos e diarréia
- Dores de cabeça e irritação nos olhos
- Gosto metálico na boca e ardor
- Formigamento
- Inflamação autoimune
É por isso que as dosagens do suplemento são indicadas individualmente, levando em consideração as necessidades de cada um. Além disso, diferente das informações que circulam pelas redes sociais, a suplementação é iniciada gradualmente, com dosagem baixa, normalmente de 1 gota por dia.
Mas, é importante salientar novamente que a sua ingestão só deve ser realizada depois de avaliação e orientação médica, uma vez que a ingestão incorreta desse composto pode levar ao bloqueio da tireoide, além de todos os efeitos colaterais descritos anteriormente.
E então: suplementar ou não o lugol?
A solução de lugol continua sendo alvo de polêmicas e discussões entre especialistas quanto a sua suplementação. Mas ainda, embora a sua suplementação tenha benefícios, os malefícios também estão mais que comprovados a partir do uso indiscriminado da substância.
Atualmente, não existem estudos que comprovem a eficácia do lugol na prevenção e no tratamento do câncer, fibrose cística, infecções ou qualquer outro tipo de patologia. A sua única recomendação continua sendo para o abastecimento da tireóide com iodo, em casos de deficiência do nutriente na glândula. Portanto, o uso da solução de lugol deve ocorrer apenas com a orientação de um profissional.
E aí, você já tinha ouvido falar sobre a solução de lugol? Deixe o seu comentário abaixo e aproveite para compartilhar a matéria nas suas redes sociais para que os seus amigos também saibam se devem ou não suplementar essa substância.